Se o meu verso fosse
verso de aêdo,
eu renunciaria à metáfora;
mas, como que por medo,
submeto-me à anáfora;
poesia é flora em fogo:
verde que arde em chamas
e chagas
que se abrem em flores
de múltiplos sabores
sucumbidas pelo calor
que tudo subjuga em cinza;
cinza que cobre a terra após o incêndio
é o verso parido pela maiêutica do grafite.
(Marcos Cruz)
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