domingo, 31 de julho de 2011

Não te mostrarei meus
medos
enquanto os meus
enredos
forem cantar
contar
       calar
cantar contar o número
dolorido e cabal
de lírios do jardim
colorido
que murcharam sem
carnaval.

(Marcos Cruz)

domingo, 24 de julho de 2011

Forço e faço fogo fulguroso, é fagulha
notória nata natural; mas natimorta
é a poesia paternal patética; pois o poeta
canta comovido, enquanto a corsa
balbucia bucolismos em sua busca. Se o braço
rema rigorosamente pelo regaço; restringe, pois,
a água espessa, o amor que se abrasa. Arrefeço.

(Marcos Cruz)

sexta-feira, 22 de julho de 2011

NESSE JULHO

"O trabalho era atrapalhado, às vezes desazo, outras de propósito para desfazer o feito e refazê-lo." (Bentinho/ Machado de Assis)

A minha vida não tem mais cores.
Eu as tive, mas perdi do momento
de sua partida.

Se me vejo
me retrato em preto e branco;
se não velo
a imagem de mim é todo escuridão.

Eu não tenho mais cores
(flores, amores; nem rimas
porque, sem dores, é única
a dor).

Vai-te, enfim, acácia de Angola;
que o fardo subjuga o burro
e já já me nauseia sua alma multicor. 


(Marcos Cruz)

domingo, 10 de julho de 2011

Nestas noites frias
de atividades baldias
escrevo em silêncio.
Saudade daqueles dias
eupeterpan: alegrias.

(Marcos Cruz)
Manhãfria de céunublado
monotonia
de umavida sem zeithgeisth.

(Marcos Cruz)

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Fica a vida cinza
vento frio, vento sul.
Julho não tem dó:
o céu prata esconde o sol
cerrando-me o arrebol.

(Marcos Cruz)
Fica a vida cinza
vento frio, vento sul.
Julho não tem dó:
vento frio vem do sul
pra ser quente em minha pele.

(Marcos Cruz)

terça-feira, 5 de julho de 2011

TANKA

Fica a vida cinza
vento frio, vento sul.
Julho não tem dó:
esse mês sem coração
gela quem dorme no chão.

(Marcos Cruz)

sábado, 2 de julho de 2011

Julho é um mês tão belo;

pena que não seja um poema
só dizer que julho é belo,

belo
pelo frescor que cobre os dias
e pela cor do céu que prateia
o mar.

Eu gostaria que o nosso primeiro
encontro tivesse acontecido em julho;
mas quando foi mesmo o nosso
primeiro encontro?

Em julho os burgueses se refugiam
em Domingos Martins
enquanto que eu não saio da beira
do mar.

Ah, quanto me custa, Deus, para obter
a graça de um poema cuja poética seja julho?
Quanto me custaria um poema no qual coubessem
todas as minhas dores?

Não importa o mês do nosso primeiro encontro,
importa que nossa primeira noite de amor
foi em novembro,
eu lembro.

Em julho,
o frio ameno não é tão atônito
ante o meu semblante moribundo,
as roseiras também florem sob o
céu grisalho;
mas eu quero mesmo é uma tempestade
que enchente o meu vazio.

(Marcos Cruz)

sexta-feira, 1 de julho de 2011