terça-feira, 18 de junho de 2013

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

ORAÇÃO

Cheiro de Jasmim e de Lavanda
tem a presença de meu Deus.

E de alegria se enche o coração
cujo sol é a Grande Luz
                   que reflete a cor dos Lírios.

O Amor fica comigo sempre que respiro.

domingo, 23 de dezembro de 2012

Se me olho no espelho tantos me vejo
                                    que não vejo
                                         quem sou.

Falam as minhas vozes
(falham, se algozes), mas
nem o frescor, nem a morte;
nem o gozo, nem o corte

se despedem do vazio escrupuloso
que demora, resta, fresta aqui.

Isso me mata quando desejo
me apresentar. Se tantos tomam a vez
dizendo que sou o que não sou
                                           em parte

e faz tempestade nos olhos meus tão negros
sem ressaca, sem outono, sem março
e que não é capaz de primaveras
e que não é capaz de se dizer
e que não é capaz de mais que
                             anáforas ou polissíndetos.

E nesse momento a melancolia
tsumani o fátuo fogo dos meus egos.

domingo, 20 de novembro de 2011

CONCORRÊNCIA

Eu estava de pé no ônibus, segurando o ferro da parte superior. Reparei que entrou um indivíduo – meio gordo, nem tão frágil – distribuindo os seus papéizinhos. Ele insistiu, eu segurei um também. No papel um texto mal escrito dizia que ele era deficiente e que necessitava de ajuda. Ele foi até o final do coletivo e, voltando até a parte da frente, começou a recolher os bilhetes de miséria.
Nesse momento o ônibus parou, abriu a porta de trás e subiu outro indivíduo rastejando, sem as pernas e com um braço, apenas. Fez um discurso de miserável otimista que dizia que “o pouco, com Deus, é muito” e recebeu todas as atenções e todas as esmolas do coletivo.
O primeiro desceu desapontado e eu não dei um tostão a ninguém.

(Marcos Cruz)

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

JUSTA MOTIVAÇÃO

A Fabrício Saadi Pagani

A polícia chegou a tempo, antes que a confusão tomasse proporção incontrolável. Era um feriadão prolongado e a movimentação estava caótica na Rua da Lama. Foram acionados, porque o cara barbudo queria bater no outro, o de colar de sementes. A discussão começou porque o segundo teimava que a parte do "Espírito Santo" se fazia da direita para a esquerda. Diz-se que nenhum deles era católico.


(Marcos Cruz)