Leio no silêncio no meu quarto
como medita um monge
que junta as palmas das mãos
em frente o peito, na altura do coração:
na mesma altura que o livro repousa
sob meus pensamentos;
os olhos curvados num ângulo
de 45°
como os do monge na direção
do chão, direção
que busca o vazio
gashô.
Divirjo, pois, do monge
(mesmo que busquemos mesmo o
nirvana)
porque o meu zazen
não é silêncio:
encontra, em contrário,
gritos num plenário
da multidão de vozes
circunscritas no espaço do tempo
pelo qual minha visão é levada
ao encontro do coro polifônico
de em mim.
(Marcos Cruz)
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